17 outubro 2012

Perdedores e vencedores (eleição de Santa Cruz do Sul(RS)

Basicamente, são três os vencedores. Uma família, um candidato a prefeito e uma empresa. A família, obviamente, é o casal Hermany. Ela agora vice-prefeita e ele vereador reeleito. Aliás, essa vocação do brasileiro para votar em núcleos familiares é algo a ser estudado. É um fenômeno nacional. Uma vocação monárquica, um gosto pela dinastia e a hereditariedade. Mas, com certeza, não é bom para a democracia brasileira. De todo modo, o casal tem méritos evidentes na conquista. Ele um combativo e atuante vereador, e ela uma incansável ativista pela causa social. O grande vencedor, sem dúvida, é o ex-deputado Telmo Kirst, até então tido por todas as rodas de opinião como de carreira política encerrada. Aqui cabe um parêntese. Independentemente das qualidades políticas e pessoais do prefeito eleito, e ele as têm, a circunstância do processo eleitoral e a dimensão do resultado final permitem concluir que era tamanha a rejeição da atual prefeita e sua administração que talvez outro candidato pudesse alcançar o mesmo sucesso. E por que outro? Porque Telmo, com certeza, não era o candidato ideal. Por seu comprometimento político-partidário no passado - alinhamento ideológico com a ditadura militar, como co-responsável pelas políticas públicas incompetentes das sucessivas gestões municipais do seu partido (que viabilizaram a ascensão do clã Moraes) e, nos últimos anos, por seu distanciamento explícito nos debates, circunstâncias e sucessões locais. Claro que estes fatos a que me refiro – alinhamento político com a hegemonia e ditadura militar, co-responsabilidade na ascensão do clã Moraes e apatia nos sucessivos processos eleitorais locais - já fazem parte do passado. E a memória do passado e da história são rápida e verdadeiramente fugazes e voláteis. Ironicamente, Telmo Kirst apresentou-se como a alternativa, como sendo “o novo”, embora sendo representativo do que há de mais antigo politicamente em Santa Cruz do Sul. Mas, repito, mesmo isso que ora afirmo já faz parte de um novo e insignificante passado. Por quê? Porque Telmo Kirst se reposicionou vitoriosamente no tabuleiro político. Ressurgiu das cinzas. Seu grande mérito foi ter percebido que era sua grande chance. Talvez a última. E soube conquistá-la. Finalmente, o outro grande vencedor, ainda que não tenha feito campanha político-eleitoral - afinal, é uma empresa, é a Corsan. O que só se confirmará se for mantida a promessa do candidato eleito, contrariamente à “privatização da água”! Semana que vem escrevo sobre os perdedores.

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