10 outubro 2012

Perguntas sem respostas (eleição de Santa Cruz do Sul)

De antemão, é necessário dizer que depois que os votos são totalizados e exibidos sempre surgem inúmeras explicações para demonstrar e comprovar determinados resultados, eventualmente surpreendentes. Regra geral, as explicações e justificativas são pertinentes, razoáveis e consideráveis, umas mais, outras menos. De todo modo, foi uma surpresa a derrota de Kelly/Campis, da coligação PTB-PT. Então, o que teria acontecido? E terá sido, realmente, uma surpresa eleitoral? Nesse sentido, surgem hipóteses criativas e adeptas da teoria da conspiração. Uma delas cogita que o principal cabo eleitoral de Kelly, o deputado Sérgio Moraes (PTB), teria “cruzado os braços”. E por quê? Porque uma derrota manteria em destaque seu nome e provável candidatura futura a prefeito, enquanto que uma vitoria obrigaria o cumprimento do acordo com o PT, isto é, com a candidatura de Campis (PT) na próxima eleição municipal (2016). Muito intensas também foram as fofocas, notadamente aquelas que diziam respeito às questões de natureza íntima e pessoal (situação conjugal e afetiva da candidata). E fofocas sobre possíveis negócios e interesses obscuros (caso “privatização” da água), envolvendo, inclusive, notórios e ascendentes empresários locais. Aliás, tocante as contra-informações (fofocas), não há dúvida que exercem uma atração impressionante entre o povo. Entretanto, é praticamente impossível que possamos aferir sua dimensão e influência na decisão eleitoral do cidadão. Outro aspecto. No meu entender, o mais grave. Embora saibamos que são duas eleições diferentes (vereador e prefeito), que têm circunstâncias e motivações variadas e variáveis, tanto do ponto de vista do cidadão quanto dos candidatos a vereador (sempre muito maleáveis e “conciliatórios”), as diferenças entre os respectivos totais de votos finais são absolutamente “inexplicáveis”. Como explicar que os vereadores da coligação de Kelly façam 50.390 votos e a prefeita faça apenas 35.436 votos, provocando uma diferença exagerada e incompatível (14.954 votos). Surpreendentemente, essa diferença é praticamente a mesma que separa os votos do agora prefeito eleito Telmo Kirst (40.614 votos) de sua base de apoio eleitoral/vereadores (26.758 votos). Havia, então, tamanha rejeição pessoal (e familiar?) tocante à prefeita e sua administração, capaz de induzir seus candidatos a vereador ao silêncio e passividade, e preocupados apenas em salvar o próprio voto? Se havia um desastre em curso, como que não foi detectado antes e alertada a candidata? Mais: quer dizer que perderam a eleição e fizeram 12 vereadores? E que o adversário venceu e fez apenas cinco vereadores? Concluindo, creio que os candidatos a vereador da coligação PTB/PT devem sérias explicações à candidata derrotada. São perguntas sem respostas.

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