08 maio 2007

Teu Outro Cartão de Crédito

Sabias que tu tens outro cartão de crédito, usado por estranhos e pago por ti, denominado cartão de crédito corporativo?

Os cartões de crédito do governo servem para que determinados servidores possam fazer pagamentos ou saques sem precisar de uma autorização prévia.

O uso dos cartões de crédito corporativos foi criado em 2001, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso(1995-2002), para facilitar os pagamentos de rotina das autoridades, limitados a pequenos valores.

Ainda assim, em 2002, o pagamento de faturas e saques com cartões da Presidência da República somou R$ 1,3 milhão.

Já no Governo Lula, em 2004, os gastos com cartões da Presidência atingiram R$ 5,2 milhões. Além disto, outros 68 órgãos federais gastaram R$ 8,9 milhões, sendo R$ 5,1 milhões em dinheiro vivo.

Em 2005, o total de gastos foi de R$ 21 milhões. Dos quais R$ 10,2 milhões foram da Presidência, com saques em dinheiro de R$ 6,8 milhões.

O funcionário recordista no uso dos cartões para realizar saques movimentou quase R$ 330 mil entre os meses de janeiro e dezembro de 2005. Em dinheiro vivo. Outros dois colegas movimentaram R$ 321 mil e R$ 294 mil.

Entre os 48 ecônomos de departamentos e órgãos ligados ao Palácio do Planalto, oito sacaram acima de R$ 250 mil durante aquele ano, registrou o Siafi.

Em meados de 2006, segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira - Siafi, já haviam sido gastos R$ 34,4 milhões.

Só a Presidência já havia gasto R$ 10 milhões. Dos R$ 10 milhões, metade foram saques em dinheiro vivo.

O Ministro Marcos Vilaça, do Tribunal de Contas da União-TCU, responsável pela fiscalização, anotou em seu relatório: “A equipe de auditoria registra a existência de dificuldades para a obtenção de detalhes relativos às transações efetuadas com cartão de crédito".

A falta de transparência é mais grave nos saques em dinheiro. Sem registros dos fornecedores de bens e serviços nas faturas dos cartões de crédito.

Diante da pressão por informações, a Secretaria de Administração da Presidência da República informou que “não é permitido o fornecimento de informações detalhadas dos gastos com as peculiaridades da Presidência da República, por questões de segurança".

No último debate presidencial, falando em caixa-preta do cartão de crédito corporativo, o candidato Geraldo Alckmin perguntou a Lula: “O cartão corporativo do seu gabinete teve crescimento exponencial. O senhor abre o sigilo dos gastos do cartão de crédito?"

Satisfeito? Melhor ficar! Imagina se tu ficas sabendo de todos estes gastos, um a um, detalhadamente, quem gastou o quê, por quê, quando e com quem? Melhor não saber.

Mas tem o lado bom desta história. Tu nem sabias que tinha todo esse crédito em conta, hein? Mas tem que entrar na fila para usar o “teu outro cartão de crédito”!

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