16 outubro 2007

Besteirol Presidencial

Ninguém duvida das emoções do Presidente Lula. Aliás, também nunca se duvidara da sinceridade dos Presidentes Figueiredo, Sarney, Itamar, Collor, Fernando Henrique; todos, indistintamente, também cometeram falas impróprias.

Figueiredo, lembram?, afirmou que preferia o cheiro de cavalo ao cheiro de povo. Em outra ocasião, em Goiânia, em resposta ao comentário de uma criança que acabara de dizer que o pai ganhava salário mínimo, Figueiredo respondeu que, em situação semelhante, “daria um tiro no próprio coco (cabeça)”.

Itamar Franco divertiu os cartunistas e humoristas. Opinou sobre tudo. Até sobre a volta do Fusca nas esteiras de fábrica da Volkswagen – e, pior, a Volks acreditou!!!

E o Collor, hein? Era um vendaval de bobagens. Falas que corariam até o triunfalismo de Mussolini, o bufão italiano.

Fernando Henrique – o FHC, com aquela empáfia monárquica e arrogância acadêmica, chamou de vagabundos aposentados e aposentandos, esquecendo, estupidamente, sua própria e precoce aposentadoria.

Agora, Lula e seus aloprados amestrados estão empenhados em bater todos os recordes anteriores em falas impróprias, gafes, estupidez e arrogância.

Claro, sabemos que estes discursos têm em comum a intenção de despolitização e falso distensionamento das pressões do dia-a-dia.

“Levantar o traseiro para negociar taxas de juros! O rei da ética e da moral! O príncipe dos honestos! Cheque em branco para José Dirceu, Roberto Jefferson e Renan Calheiros! Estou convencido! Como nunca dantes na história!”

Uma sucessão de asneiras! A mais recente e patética fala lulista foi: “O Brasil precisa perder a vergonha de arrecadar!” Mais: “Choque de gestão será feito quando a gente contratar mais gente!”.

Como não há autocrítica, nem bom senso, às sandices do chefe seguem-se as dos aloprados amestrados, ministros, secretários, assessores, companheiros de partido, todos ensimesmados, embriagados de poder, vaidade e cegueira.

Face o atual cotidiano de desesperança popular e a generalização de maus exemplos públicos, o mais adequado seria falar menos e trabalhar mais.

Sentar o traseiro na poltrona presidencial, despachar com os Ministros, dar ordens, verificar o cumprimento de tarefas e prazos, cobrar obediência, eficácia e assiduidade.

Aliás, alguém próximo ao Presidente Lula, um amigo, um familiar, um ministro-irmão, deveria lhe explicar que a palavra do Presidente da República representa o poder de Estado.

Explicar que o cargo é do povo e do Estado que representa, e que uma afirmação e declaração presidencial pode gerar responsabilidades e produzir efeitos jurídicos. Enfim, explicar que a função pública tem ônus que se impõem para além da pessoa e da própria fala.

Definitivamente, o poder (e a perspectiva de prorrogar a forma de poder) transforma as pessoas, independentemente do seu grau (ou falta de!) de inteligência, erudição, conhecimento e consciência política.

Infelizmente, transforma as pessoas para pior. Costumam esquecer o que prometeram. Sacrificar a coerência. Ignorar as lições da história. E, mais grave, subestimar a inteligência e a memória do cidadão.

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