27 outubro 2007

Bundas, Miojo e Filosofia

A grande audiência do BigBrotherBrasil, juntamente com outros programas, transformou a televisão brasileira num imenso e interminável desfile de bundas.

São bundas de todas as etnias, pequenas e grandes, arrebitadas ou não, siliconadas quase sempre, sucedendo-se nos palcos, rebolando suas razões “existenciais” e seus planos de carreira.

Afinal, mesmo as donas das bundas têm um “modo de vista” (ponto de vista, na expressão do biguibródere Bambam). Não as subestimemos, pois.

Essas bundas têm audiência, elas existem e repercutem no mundo sócio-econômico-estético, criando estilos e fazendo moda. E nem falei em propaganda de cerveja!

Resta ressalvar a contribuição das bundas ao exercício da reflexão crítica. Qualquer ângulo de exame (não estou falando do ângulo de visão da bunda!) pode revelar uma preferência e/ou um estilo irreverente do brasileiro.

Ou revelar um quadro de insuperável pobreza cultural, ou identificar uma irresponsabilidade governamental, ou um “não tô nem aí!” das empresas de televisão e patrocinadores. Ou todas estas hipóteses juntas.

Só não podemos reclamar da abundância!

Miojo

Recentemente, morreu o criador das massas instantâneas, tipo miojo, o japonês e fundador do grupo Nissin, Momofuku Ando “san”. Segundo pesquisa de opinião, trata-se de uma das grandes invenções dos últimos 100 anos.

Sim, isto mesmo. Estou falando daquela massinha básica que você faz em casa quando a mulher não está (ou quando ela está de mal com você), ou quando os pais não estão. Incrementada com aquele guisadinho e o molho de anteontem. Ou com requeijão, em ocasiões especiais.

Sucesso de culinária entre os cada vez mais freqüentes moradores solitários, marca de nossa época de filhos independentes, mulheres e homens solteirões, separados e divorciados em geral, e viúvos longevos.

Mas as massas rápidas têm uma significação mais ampla, mais marcante. Sobretudo, simbolizam a celeridade e a impaciência que nos comandam, de vídeos e fotos instantâneas, de amizades virtuais e orkutianas, de namoros e casamentos de três minutos.

Impaciência e pressa que reinam até mesmo à mesa. Foram-se os tempos de famílias reunidas para preparar e degustar a refeição coletivamente, a celebração da amizade e da vida, entre histórias e reminiscências familiares.

Já que a mensagem e as palavras nem sempre são doces, reuniões à mesa do jantar, também, por que não dizer, para a “lavação de roupa suja”.

Talvez não queiramos assumir, mas parece que as massas rápidas ajudaram, além de “acelerar” o tempo, a (não) resolver nossas diferenças pela não reunião.

Bem que nossa próxima refeição poderia ser à base de muitas colheres de conversação, pitadas de sorriso, porções de alegria, e com muito tempero de vida! Tudo lentamente e em fogo baixo!

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