02 outubro 2007

Palavra de Abraão

Os governantes (os partidos e os políticos) ainda não perceberam que o setor público já não (cor)responde pela sociedade, nem a representa como um todo.

Faz tempo, a população busca e encontra respostas e soluções para seus problemas fora do estado, ainda que aprisionada por um sistema fiscal e tributário injusto e explorador.

Isto significa que os cidadãos já não toleram, nem suportam mais a cobrança absurda, exagerada e desproporcional de tributos, consorciada com a ineficácia (do que resta) da administração pública.

Porém, o esvaziamento do poder público não significa que suas principais atribuições tenham-se esgotado ou que esteja desresponsabilizado.

Para resolver este desencontro entre demanda popular e a não qualidade de oferta de serviços, o setor público carece de urgente reconceituação de competências, necessariamente assentadas sobre novos modelos de eficácia e qualidade.

Para qualquer nível de governo isto implica em adoção da horizontalidade administrativa e a descentralização de estruturas, proporcionando agilidade, economia e eficácia.

Significa a adoção de planos de metas, gestão por resultados, seleção de executivos a partir das competências pessoais e de qualificações técnicas.

Principalmente, impõe-se a adoção de programas de enxugamento de custos e de afastamento formal do estado. Afinal, para que servem inúmeras obrigações, órgãos, departamentos, setores sobrepostos e superados na moderna e global estrutura social e econômica?

Historicamente, a administração pública tem sido utilizada para resolver questões político-partidárias, num esquema de “feudalização” dos órgãos e secretarias.

Os governantes não devem, e não podem, esquecer que o setor público existe e é organizado unicamente para servir a sociedade. Não o contrário!

Nestes tempos de desesperança, violência, desemprego, altos impostos, sucessivos escândalos, líderes fracassados e corrompidos, é bom ficarmos atentos às lições do passado e de outras nações.

A propósito de excesso de estado e tributos, e delírios demagógicos, é oportuno lembrar as célebres palavras de Abraham Lincoln (1809-1865), décimo - sexto presidente dos Estados Unidos. Disse ele:

“Não criarás a prosperidade se desestimulares a poupança. Não fortalecerás os fracos se enfraqueceres os fortes. Não ajudarás o assalariado se arruinares aqueles que o pagam.

Não estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes. Não ajudarás os pobres se eliminares os ricos.

Não poderás criar estabilidade permanente baseada em dinheiro emprestado. Não evitarás dificuldades se gastares mais do que ganhas.

Não fortalecerás a dignidade e o ânimo se subtraíres ao homem a iniciativa e a liberdade. Não poderás ajudar os homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios”.

Finalizando, o momento exige nossa redobrada atenção. As crises amplificam as vozes dos alquimistas e dos curandeiros de plantão, dos milagreiros oportunistas empenhados em construir suas próprias seitas, dos pregadores de ideologias que a história enterrou.

Enfrentamento e desmascaramento é nossa obrigação!

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