10 outubro 2007

A Nação Gradeada

Vivemos tão (con)centrados em nossas preocupações diárias que não percebemos uma série de coisas em nosso derredor. Não é que a gente não perceba. Apenas não paramos para pensar e refletir sobre o estado das coisas e as soluções necessárias para a superação das dificuldades.

Refiro-me à questão social. A pobreza, o desemprego em larga escala, as crianças na rua sem pai nem mãe, o lixo revirado por humanos famintos, a miséria humana em cada calçada. E o banditismo.

Pior. Além de não pensarmos, nem refletirmos, nos sentimos acuados, ameaçados. Vejam só no que se transformaram nossas casas, nossos pátios, nossas empresas. Estamos enjaulados. A nação está, literalmente, gradeada.

Mas já não é apenas a propriedade que está aramada e cercada. Nos carros andamos trancados. À porta das casas, guaritas. Guaritas guardadas por mal-assalariados, candidatos à desempregados, ou trabalhadores fazendo bico. Gente com medo “protegendo” outras pessoas com medo maior.

As ruas se transformaram em imensos corredores gradeados. Verdadeiros alçapões. Quem precisar correr, fugir, buscar socorro em alguma casa ou pátio alheio, não tem por onde entrar, para onde correr. Presa fácil do bandido da hora, da ocasião.

Em cada transeunte, cada cidadão que passa, vemos um suspeito, uma ameaça ao nosso bolso, uma ameaça à nossa integridade física. Estamos afundados na síndrome do pânico, da desconfiança, da insegurança. Incapazes até de reagir construtivamente.

Somos uma nação à beira de um ataque de nervos!

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