01 maio 2008

Os Novos Pelegos

Suponho que não haja um gaúcho que não saiba o que é um pelego. O couro do carneiro e da ovelha, sem tirar a lã, é muito usado nas casas do interior rio-grandense, nas camas, nas cadeiras e sofás, e até como tapete, seja como conforto ou como enfeite.

Mas seu uso mais comum ainda é nas montarias de cavalo. Colocado sobre o dorso do animal, ou sobre a sela, de modo a amaciar o uso e o cavalgar do cavaleiro na lide diária do campo e no passeio.

Mas pelego também tem outra significação muito importante. Pelego é uma forma depreciativa para se referir aos líderes sindicais, dirigentes de federações e confederações, que em vez de lutar pelos trabalhadores, dissimuladamente defendem os interesses dos patrões. Ou dos governos!

Justamente por manter um relacionamento suave e sem atritos com patrões e governantes é que surge a expressão pelego, a exemplo da ação do pelego sobre o lombo do animal (trabalhador), amenizando e amaciando o sentar do cavaleiro (patrão).

Haja vista suas origens e bases político-sindicais, a ascensão de Lula e PT ao governo federal determinou um novo espectro no relacionamento entre governo e sindicatos.

Sem abrirem mão de sua representação e participação originária, muitos sindicalistas ascenderam a postos de governo como ministros, secretários, dirigentes de estatais e de fundos de pensão.

E rápido esqueceram que construíram suas carreiras e seu prestígio justamente na crítica e mudança do ultrapassado modelo sindical getulista.

A contribuição (imposto!) sindical, cujo fim fora um objetivo de luta, permanece renovada e revitaminada. São milhões e milhões de reais destinados aos sindicatos (60%), federações (15%), confederações (5%) e governo (20%-parte para o FAT).

E agora também as centrais passarão a receber. Quem mais ganhará será a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o braço sindical do PT. Seu orçamento quintuplicará. Mas as demais centrais também terão seus orçamentos expressivamente turbinados.

Para quem tinha dúvidas sobre a natureza das relações dos sindicatos com o Governo, estas se dissiparam após o veto do Presidente da República ao artigo de lei que determinava a fiscalização do Tribunal de Contas da União sobre os recursos compulsoriamente arrecadados.

O braço sindical avança e impede, inclusive, a reforma da legislação previdenciária e trabalhista, cuja modernização é questão de urgência e emergência, sob pena de comprometer o desenvolvimento da nação e os interesses futuros dos trabalhadores.

Na verdade, os novos pelegos são os que realmente comandam a nação. Não no rumo de seu desenvolvimento, mas no sentido da apropriação indébita e do “aparelhamento” do estado.

Entre discussões de mandatos continuados, ufanismo, auto-elogios e locupletação generalizada, renova-se o caudilhismo e o peleguismo. Em pleno século 21!






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