16 julho 2007

Condomínio Edifício Brasil

A contínua incapacidade do Estado em realizar melhorias na oferta de bens e serviços públicos, principalmente nas áreas de saúde, educação e segurança, tem aumentado o nível de repúdio e queixas da sociedade em relação ao Parlamento e ao Executivo.

Ultimamente, face o caos na área de segurança pública e à liberalidade jurídico-judicial-policial, nem mesmo o Poder Judiciário escapa às críticas.

Mantido em fogo alto e constante, o caótico quadro social é um prato indigesto e temperado com a crescente concentração e elevação tributária e a inevitável corrupção que o gigantismo estatal proporciona. Uma receita explosiva!

Objetivamente, trata-se da constatação de que a sociedade está desamparada e abandonada à própria sorte e às eventuais soluções tópicas e passageiras.

O comportamento e a omissão dos políticos - parlamentares e executivos, depositários formais e legais da esperança popular, já extrapolou o limite da tolerância.

O mais irritante é que fazem um jogo de cena. Dizem-se favoráveis a investimentos nas áreas de saúde, educação e segurança, bem como à redução da carga tributária. Mas nada acontece!

Simplesmente, trata-se de um discurso para “manutenção de imagem pessoal”, tipo “todos defendem, logo preciso defender também”. Mas não há repercussões e soluções objetivas, nem comprometimentos sérios com estas transformações.

Esta não solução e inércia estão relacionados ao permanente empenho de parlamentares em “ficar de bem com o Governo”. Visando à obtenção e liberação de verbas e favores oficiais, não lhes é “conveniente e oportuno” causar constrangimentos ao governo.

Importa relacionar também como elemento que contribui para o estado de inércia e omissão, o fato de que estes assuntos (saúde-educação-segurança) não têm apelo eleitoral, embora devessem ter!. São interesses coletivos.

Atualmente, o que determina a hegemonia política e eleitoral são os assuntos pontuais e setoriais, demandas localizadas. Mas a retórica continua generalista e oportunista.

Enquanto isto se sucedem os abusos no setor público. Gastos incontroláveis, estagiários e serviços terceirizados às centenas, propaganda e publicidade de monopólios estatais e atividades-meio, autopromoção e remuneração abusiva, além de ressarcimentos de despesas que ofendem a inteligência e economia popular.

Assim, combinada a natureza da omissão e as razões de conveniência pessoal dos políticos, resulta que se encontra escravizada a sociedade por uma ditadura parlamentar, em todos os níveis da organização do estado brasileiro, seja no âmbito dos Municípios, dos Estados e da União.

Qualquer expectativa de mudanças sérias e estruturais, em todos os níveis, somente será possível com a participação ativa da sociedade civil. Como?

Talvez através de protestos, boicotes, denúncias, “panelaços”, desobediência civil. Uma sociedade ativa sempre encontrará meios de concretizar sua indignação. Às vezes, até uma vaia faz a diferença, não é, Presidente Lula?

Um bom começo seria a fixação de faixas salariais para vereadores e deputados estaduais, a extinção do Senado Federal e a redução expressiva do número de Deputados da Câmara Federal e das Assembléias Legislativas. Bem como a revisão dos privilégios, chamados direitos adquiridos, principalmente àqueles relacionados às aposentadorias e pensões.

Afinal, os moradores do Edifício Brasil podem e devem adequar suas expectativas condominiais à sua realidade e capacidade contributiva, o que pode significar o adiamento/eliminação de obras não essenciais, o corte de serviços terceirizados, a demissão/substituição do zelador e demais funcionários, a redução dos benefícios do síndico, a opção por soluções gerais mais econômicas. Ou os condôminos não podem?

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