Nada mais trágico, nada mais arrasador do que a morte por razões não naturais, à conta da participação e/ou omissão humana.
Trata-se, sempre, da interrupção e anulação de uma vida, de uma perspectiva absolutamente particular e não renovável de uma existência e de um ilimitado espírito.
Também, trata-se de mais um parágrafo com variações sobre um mesmo tema nacional: incompetência e negligência.
Nosso dicionarista Aurélio informa que “competência é a qualidade de quem é capaz de fazer determinada coisa com capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade”.
Por conseqüência, incompetência é a característica de incapacidade, inabilidade, inaptidão e não idoneidade na concretização de determinada tarefa. Deduzo que a negligência é sua irmã siamesa.
Objetivamente, a incompetência e a negligência são frutos de nossa aversão ao método. E por quê? Porque toda previsibilidade é monótona, é repetitiva, é cansativa.
De praxe, reagimos irônica e jocosamente aos profissionais porque sua competência e concentração é gélida e inumana, não combinando com nossa alegria e espontaneidade. Mas de que alegria e espontaneidade mesmo é que estamos falando?
Tristemente, nada mais monótono, repetitivo e cansativo do que a sucessão de tragédias.
Também somos incompetentes e negligentes ao tolerar lideranças e governantes que desperdiçam dinheiro público e privado em obras inacabadas, mal-localizadas e não funcionais.
Somos negligentes com governantes que promovem o loteamento dos cargos públicos com pessoas não habilitadas. Corruptíveis e corruptores!
Somos tolerantes com os governantes que repetem-se em auto-elogios, potencializados pelos bajuladores e pelos cegos de boa-vontade.
Somos tolerantes com nosso Presidente, que baseado em sua inculta e indomesticável soberba, simbolizada pelo já cansativo e irritante refrão “como nunca dantes”, supõe que durante sua dinastia inaugurou-se uma nova era.
Infelizmente, os desejos, sonhos e delírios presidenciais não têm força para superar a realidade do dia-a-dia. A realidade é absolutamente adversa.
Bastaria sair do Palácio e ir às ruas para ver o exército de desempregados, de biscateiros, de catadores de papel, de distintas senhoras donas-de-casa vendendo quitutes domésticos, de velhos e velhas aposentadas vendendo bilhetes de loteria e anunciando compradores de ouro.
Bastaria prestar atenção nas declarações e ações cada vez mais desencontradas e patéticas de seus ministros e assessores.
Infelizmente, o rei está cego. E toda forma de soberba é essencialmente uma forma de cegueira.
Entre a multidão, disse a criança: “O rei está nu!”
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