12 março 2007

A Alegria do Futebol: A Epopéia Colorada

Não sei quem estava mais tenso neste domingo pela manhã: se torcedores colorados ou gremistas. Sim, porque quando se trata de Grêmio e Inter, não importa qual dos dois, ou quem seja o adversário, ambos estão sempre em campo, um direta, e o outro indiretamente, travestido sob o uniforme do adversário do momento.
E assim, nesta condição, revezam-se gremistas e colorados, ora torcendo pelo próprio time, ora “secando” o rival. Não importa em que local do planeta! Se futebol de campo, jogo de peteca, ou jogo de botão!
E assim sucedeu-se desde cedo. O Japão era apenas o distante e geográfico local do jogo. O verdadeiro jogo foi jogado no Rio Grande do Sul. Aqui pipocavam os foguetes e os rojões. Nunca houve tantas camisetas do Barcelona nas ruas de todas as cidades gaúchas. Inclusive, cidades gaúchas fora do Estado. Sim, só os gaúchos têm cidades fora do Rio Grande do Sul.
Nunca um vilão teve tamanha chance de virar herói. Refiro-me ao Ronaldinho Gaúcho, ex-amor dos gremistas. Como diziam, ultimamente, era sua chance de sair da calçada da lama para a calçada da fama do Olímpico. Mas não foi o que aconteceu.
O que aconteceu é o que você viu e eu vi também. Os atletas colorados ignoraram o prestígio, a fama e a média salarial dos galácticos e esperaram, pacientemente, o contra-ataque fatal.
Claro que, como gremista que sou, poderia tentar desfazer e dizer que o Barcelona não entrou em campo, que não jogou, etecetera e tal, ou que o goleiro espanhol defendeu apenas uma bola durante a partida inteira. A segunda ele deixou passar! Mas são detalhes secundários: o Internacional venceu!
Findo o jogo, pensei nas inúmeras “flautas” que haveremos de suportar. Claro que ainda serão menores que as nossas. Afinal, o Grêmio continua bicampeão das Américas e com dois carimbos japoneses no passaporte.
Findo o jogo, repito, comecei a lembrar, um a um, de dezenas e dezenas de amigos, ex-colegas de trabalho, irmãos, sobrinhos, todos colorados. Uns mais fanáticos, outros menos. Fiquei pensando na profunda alegria de que deveriam estar acometidos naquele momento mágico. Abraçados uns aos outros, chorando, gritando, agitando sua orgulhosa e rubra bandeira, enfeitando o carro para a derradeira e inevitável carreata.
Então, comecei a realizar vários telefonemas de congratulações. E, vejam só – me perdoem os gremistas mais fanáticos do que eu, mas senti uma alegria crescente. A cada telefonema que eu dava, e a cada resposta trêmula de emoção colorada do outro lado da linha, confesso, também eu fiquei feliz. E (re)descobri que a idéia central da felicidade e da alegria está no seu compartilhamento. Não importa a motivação. Pode ser até um jogo de futebol!

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