07 novembro 2006

Aerolula e o caixeiro-viajante


“(...) a internacionalização da economia, a necessidade de “fazer caixa”, (...) e, principalmente, o desemprego, determinaram que a agenda presidencial seja, essencialmente, comercial e internacional.”

No debate entre os candidatos a Presidente, surgiu novamente o assunto do super-avião, o comicamente denominado “aerolula”, adquirido às custas de milhões e milhões de dinheiro público.
É claro que Lula poderia ter encomendado um avião menor e mais barato à Embraer, a exemplo deste agora mais conhecido Legacy. Mas, enfim, são tantos amigos na fila de passageiros e a generosidade estatal deveras sensível, que umas poltronas a mais vêm bem!
Acerca de FHC se fazia muitas piadas, haja vista que permanecia mais em território estrangeiro que nacional. Aliás, o próprio Lula várias vezes utilizou-se, política e eleitoralmente, destes argumentos para criticar o então presidente. Mas, ultimamente, tem feito igual. Nada como o tempo, dizem os meteorologistas e os relojoeiros.
Provocações e piadas à parte, a verdade é que desde o fim do comunismo, simbolizado pela queda do Muro de Berlin e a definitiva ascensão das teorias do Consenso de Washington, os Presidentes dos ditos países em desenvolvimento, agora emergentes, entre os quais o brasileiro, viraram caixeiros-viajantes.
Explicando: a internacionalização da economia, a necessidade de “fazer caixa”, ampliar as exportações, vender estatais, privatizar serviços públicos, estabelecer parcerias, e, principalmente, a necessidade de enfrentar o desemprego, determinaram que a agenda presidencial seja, essencialmente, comercial e internacional. Esta é a realidade mundial desde 1989.
Outro aspecto, não necessariamente secundário, é que esta agenda comercial e internacional, dentro da aparente inevitabilidade histórica que vivenciamos, tem um papel fundamental no processo político e eleitoral interno. Afinal, ninguém perdoaria o Presidente nas omissões em torno dos esforços de captação de novos negócios.
É o ônus da ideologia dominante. Fazer o quê? Ou outro mundo será possível?

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