07 novembro 2006

Mofo Político

(...)enfim, governantes incapazes de empolgar o povo e renovar as esperanças. Em verdade, estão aquém das necessidades da nação.

A política sempre provoca a repetição e a renovação de algumas idealizações que não resistem a um exame e confrontação com a realidade. Por exemplo, confunde-se, regra geral, a democracia com o direito de votar, com a liberdade de ir e vir, com o direito de opinião. Embora fundamentais, tais direitos não são maiores, nem mais importantes, que o direito à saúde, educação, habitação, trabalho e segurança.
O Estado brasileiro, sob controle político e econômico de grupos não comprometidos com o destino do povo, opera arbitrariamente e com violência. Consequentemente, os marginalizados, pobres principalmente, resolvem seus conflitos do cotidiano fora do espaço público, sem direito e proteção do Estado. A violência, sistemática e crescente, fora dos limites e controles da lei, rege a tudo e a todos.
A pré-condição para a superação destas diferenças, notadamente as econômicas e sociais, é a democratização do Estado, a socialização da coisa pública, a popularização da justiça, de modo a reconhecer e concretizar em cada pessoa um cidadão.
Mas a realidade é outra: há falta de entusiasmo, falta de convicções, apatia política, enfim, governantes incapazes de empolgar o povo e renovar as esperanças. Em verdade, estão aquém das necessidades da nação.
Concorre para a desconfiança e apatia popular o fato de que o Estado já não responde pela sociedade como um todo. Mas o esvaziamento do Estado não significa que suas atribuições tenham-se esgotado, ou que suas responsabilidades sejam menores. Significa, objetivamente, a necessidade de uma reconceituação de competências, assentadas sobre novos modelos de gestão, eficácia e qualidade. Nada a ver com este Estado gigante, ineficiente, expropriador, corrupto e corruptor.
Creio que este é um ponto que os políticos ainda não entenderam. Daí este cheiro de mofo.



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