16 setembro 2014

Abacaxi

Ninguém faz milagres em economia. Nem famílias, nem governos. Quem gasta mais do que tem acaba por ficar endividado e devedor na praça, sujeito a perder crédito e respeito.
Ou, então, para pagar as dívidas (ou tentar manter o padrão de vida – embora incompatível com suas receitas próprias) corre a obter empréstimos, pagar altas taxas de juros e comprometer o próprio futuro.
Ou seja, despesas e investimentos (e dívidas) devem sempre guardar uma relação razoável com os rendimentos financeiros possíveis, sob pena de sérios transtornos.
Metáforas à parte, no caso das recentes administrações governamentais, nem Lula com seu distributivismo primário nem Dilma com seu intervencionismo são milagreiros. Embora a cantoria e romaria dos devotos.
Em algum momento, a conta vem. Normalmente, em forma de aumento da dívida pública e inflação. A combinação das duas resulta em altas taxas de juros e novos tributos.
Lula obteve algum sucesso porque seu mandato coincidiu com o ápice da crise norte-americana, momento em que expressivos volumes de capital estrangeiro (e negócios!) migraram para os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e ajudaram no financiamento, desenvolvimento e realização de importantes ações de governo.
Já o governo Dilma coincide com o momento em que estes recursos (e negócios) retornam aos seus países de origem, eis que o processo de recuperação daquelas economias está em franco desenvolvimento (com inflação e juros quase zero).
Nossa não adequação a nova realidade econômico-financeiro internacional - e o desejo de manter algumas conquistas sociais a qualquer preço (razões eleitorais?), determinou um elevado grau de intervencionismo governamental. O que ajuda a explicar e compreender o presente agravamento das contas públicas.
Entre diversos casos, dois exemplos significativos de intervenção: a forçada (e demagógica) redução das taxas de juros e a “administração política” de preços de combustíveis, energia elétrica e transportes. Previsões sugerem que a respectiva correção/adequação custará em torno de 34 bilhões, ainda em 2014. O que implicará mais inflação, aumento das taxas de juros e, provavelmente, mais tributos.
Quem for o próximo presidente da República vai herdar e administrar um “abacaxi” econômico-financeiro!




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