16 setembro 2014

Maluf

Maluf

Governador(1979-1982) e duas vezes prefeito(1969-1971 e 1993-1996) de São Paulo, o engenheiro e empresário Paulo Maluf (83 anos) é um fenômeno nacional. Em 1982, candidato a deputado federal, fez 672.927 votos. Nas eleições de 2006 e 2010 fez em torno de 500 mil votos.
Membro do Partido Progressista(PP), sucessor da ARENA, foi fiel aliado da ditadura militar até 1985. Naquele ano, porém, contrariou o regime, desafiou e venceu o pré-candidato oficial à presidência, o gaucho e militar Mário Andreazza(1918-1988).
Entretanto, devido à dissidência de seu colega partidário José Sarney (outro fenômeno), viria a perder a eleição indireta para Tancredo Neves(PMDB). Com a inesperada morte de Tancredo, Sarney tornou-se presidente.
Maluf foi responsável por várias obras públicas, o que explica suas expressivas votações, liderança política e reconhecimento popular. Embora estratégicas e importantes, foram obras caríssimas e objeto de superfaturamento e desvios.
Na gestão municipal (93-96) teria havido o desvio de US$340 milhões nas obras Água Espraiada (avenida Roberto Marinho) e Túnel Ayrton Senna, segundo cálculos da Prefeitura, do Ministério Público e da Polícia Federal.
Assim, responde processos judiciais tanto no Brasil quanto em outros países. Acusações de posse de volumosas contas bancárias em paraísos fiscais, a exemplo de Suíça, Luxemburgo, França e Ilhas Jersey.
Desde 2010, está na lista de procurados da Interpol (polícia internacional que reúne 190 países), por ordem da justiça de Nova Iorque (EUA), acusado de movimentar ilicitamente milhões de dólares. Se sair do Brasil, será preso!
Em outro processo, o Deutsche Bank fez um acordo com a Prefeitura (sob condição de não responder processo judicial) e se dispôs a pagar U$20 milhões como forma de indenização por ter acolhido e administrado dinheiro irregularmente obtido por Maluf e familiares.
Maluf é histórico dono de expressiva participação societária na Eucatex, grande fabricante de materiais de construção e de móveis. “Dinheiro nunca é demais”, esclarece o ditado popular.
Apesar de dezenas de denúncias e processos judiciais, e, inclusive, preso (e solto dias depois) em 2005 juntamente com seu filho, nunca foi condenado definitivamente pela Justiça brasileira.
Comportamento e fatos que fizeram surgir o verbo “malufar”, que o dicionário diz significar “esperteza, no pior sentido, safadeza e malandragem mais descarada, a roubalheira associada ao empreendedorismo do político.”
Nessas eleições, será reeleito deputado federal, com certeza. Afinal, “Ficha Limpa” é apenas uma folha em branco. Livre, leve e solto, Maluf é um dos retratos mais fiéis de nossa dissimulação e farsa político-judicial.


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