16 setembro 2014

De Volta a Realidade

De volta a realidade

Em 2010, no segundo turno das eleições presidenciais, 29,2 milhões de eleitores não compareceram. Precisamente, 21,5% dos eleitores de então. Ou, dito de outro modo, um em cada cinco brasileiros não apareceu para votar.
Mais: se somarmos os votos “branco (2.452.597) e nulo (4.689.428)”, temos mais 7,1 milhões de eleitores a somar. Um contingente de 36,3 milhões de pessoas. O que representa 26,76%, a maior marca desde 1998.
Agora, um número preocupante: nas eleições de 2010 a soma de ausentes (abstenção), descontentes (nulo) e indiferentes (branco), superou em três vezes a diferença de votos entre Dilma Rousseff e José Serra, os adversários finais de então.
E, agora, nas eleições de 2014, as ausências dos eleitores, os votos brancos e nulos, serão quantos? Qual será sua relevância proporcional? E quais serão suas possíveis motivações?
O que mantém as aparências e dissimula nossa crise de representação é a obrigatoriedade do voto. Em outros países (de voto não obrigatório), os indicadores (ausência, por exemplo) servem como referência para denunciar e rechaçar as disputas políticas medíocres e seus métodos.
Assim, desinteresse popular, abstenção, voto branco e nulo funcionam como forma de crítica e denunciam as práticas e métodos políticos que não oferecem alternativas, que confundem a opinião pública, e que, dia após dia, tornam os partidos cada vez mais iguais entre si.
Finalmente, também é possível que haja um esgotamento (dos eleitores) na polarização “PSDB x PT”, dos escândalos que não cessam e (por que não?) da prática política que “vive em torno de si mesma”, e não concretiza as razões de sua própria existência.

Futebol
Na edição de sábado, dia 5 de julho, na página de Esportes de Gazeta, fiz uma série de perguntas sobre as possíveis razões para a intensa crise de choro dos jogadores brasileiros.
Questionei a relevância de aspectos históricos (a derrota de 1950), sócio-políticos (próximas eleições), demagogia governamental e o ufanismo em geral (do próprio povo e da imprensa – veja, depois, o exagero em torno do caso Neymar), como um conjunto de razões para tal estado de nervos em frangalhos. Impossível jogar futebol assim, eu dizia.
Bastou um singelo artigo, isento e sem exageros, e fui brindado por emails de simpatizantes partidário-governamentais com acusações de “complexo de vira-latas, espírito de porco, entre outros títulos”, além da tradicional acusação “de imprensa golpista e a elite branca”.
Resumo da ópera. O oportunismo, a demagogia e o ufanismo contaminaram dramaticamente o ambiente esportivo. Deu no que deu.

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