16 setembro 2014

Tática e Incoerência

Tática e Incoerência

Recentemente, acometido de mais um lapso de memória, o ex-presidente Lula contrariou seu famoso refrão, “Lulinha paz e amor”, e vociferou contra a classe média e a tal da elite branca. Tremenda bobagem.
Autoridades falarem absurdos não é “privilégio” de Lula. Os demais e anteriores presidentes também tiveram seus momentos de manifestações desastradas.
A tal da elite branca, ou “zelites”, nunca teve tamanhos benefícios governamentais. Basta verificar os empréstimos (?) do BNDES e as recentes articulações da presidenta Dilma, suficientes para fazer corar qualquer esquerdista de carteirinha.
Enquanto milhões de brasileiros pobres recebem 0,5% do PIB através do Bolsa-Família, “meia-dúzia” de milionários recebe 2% do mesmo PIB, a juros e prazos de perder de vista. Quatro vezes mais recursos para a elite branca e rica!
No ânimo de reforçar suas possibilidades eleitorais, essa evidente circunstância – negócios e alianças à direita, determina, entretanto, sua contraditória submissão a determinados “jogadores pesos-pesados”. Embora com as contas públicas fragilizadas, a presidente cede. E renova vários benefícios fiscais e tributários.
Dilma também tem se reunido com a senadora Kátia Abreu (ex-PFL, ex-DEM, ex-PSD, agora PMDB-TO), expressiva representante do agronegócio, um dos inimigos preferenciais da dita esquerda (mais uma incoerência, afinal, é um dos setores que tem garantido altos e importantes valores na balança de exportações).
Mas ninguém recebe mais gentilezas que o setor de construção civil. Não à toa, as empreiteiras são os maiores contribuintes das campanhas eleitorais e dos partidos, com vantagem explícita daquele que está no poder. Óbvio.
E agora, essa semana, em troca de mais sessenta e oito segundos no seu tempo de horário eleitoral de TV, ocorreu a “entrega” de um ministério inteiro ao Partido da República (PR), comandado de fato pelo condenado e preso Valdemar Costa Neto (e ninguém fica constrangido?).
Assustada com seu patamar nas pesquisas – embora ainda indicativas de sua provável vitória, Dilma tem feito inúmeras concessões e alianças com os representantes do grande capital.
Ainda que a oposição (com alianças não menos constrangedoras) não tenha demonstrado vigor e potência para garantir uma vitória, nossa presidente teme um segundo turno. E com razão. Afinal, no segundo turno eleitoral zera-se o tempo, o placar e o jogo recomeça. E sem direito a pênaltis.
Indiferentes a tamanhas contradições ideológicas e comportamentais, candidata e partido cumprem e reproduzem a sina brasileira. O vale-tudo.



Nenhum comentário: