16 setembro 2014

Politicando

Politicando

Quem observa as ações político-partidárias percebe um notório e crescente empobrecimento no campo dos debates das idéias e nas relações institucionais.
A degradação fica evidente nas alianças sem critérios e na ausência de vozes dissonantes, quer no âmbito interno partidário, quer no ambiente competitivo entre os partidos. No dia-a-dia (e nas eleições) vigora o neutralismo, repetitivos e não assinados “acordos de boa convivência”.
Eleição após eleição, gestão após gestão, a marca tem sido a sucessão de monólogos eivados de promessas vãs. E de debates que não são debates haja vista a absoluta omissão e silêncio em torno das grandes e urgentes questões nacionais.
Líderes em permanente “estado de entendimento” e sem compromissos geram partidos fracos e, conseqüentemente, relações institucionais medíocres e despolitizadoras.
Sempre de olho na próxima eleição, e dissimuladamente (e na falta de argumentos), o processo eleitoral e as práticas partidárias têm se limitado a identificação, atribuição e definição de “inimigos disso e daquilo”. É o que demonstram e confirmam as denúncias, intrigas e difamações pessoais, produzidas em escala industrial.
De certo modo (e paradoxalmente, haja vista os “acordões”), isso também explica por que vigora e prospera um ânimo de estabelecer uma hegemonia. É verdade que a heterogeneidade da sociedade brasileira ainda não viabilizou um pluralismo ideológico autêntico e construtivo. Mas isso “não autoriza, nem legitima” a dita e pretensa hegemonia. Tanto por ser forçada, quanto por ser medíocre!
Do ponto de vista dos ideais político-partidários e das necessidades inerentes à concepção e funcionamento de uma república é importante que as diferenças e os antagonismos apareçam. Afinal, clareza de pensamento e prática são essencialmente construtores e definidores das necessárias diferenças e suas conseqüentes estratégias.
Nesta salada de frutas podres que engolimos à força nos últimos vinte anos, é de se lastimar que os três grandes partidos nacionais (PT, PSDB e PMDB) não tenham promovido as devidas reformas político-eleitorais, sobretudo de modo a restringir o número e o comércio (e aluguel) de legendas partidárias.
Face essa omissão, se permite deduzir que lhes convêm a permanência do “circo”!





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