30 janeiro 2006

EUA: um país fora-da-lei – III

“toda esta luta e porfia para tornar o mundo melhor constitui um grande engano, não porque não seja uma boa coisa melhorar o mundo, se soubermos como fazê-lo, mas porque porfiar e lutar é a pior maneira que poderíamos escolher para fazer alguma coisa.” - Bernard Shaw


As periódicas e catastróficas incursões norte-americanas por territórios estrangeiros, a pretexto de “ensinar democracia e proteger a galáxia do mal”, têm causado milhares de mortes, mas sobretudo a morte de inocentes, notadamente crianças e mulheres.
“Todo mundo” com mínimo de lucidez e perspicácia sabia no que ia dar a dita invasão do Iraque. Ou alguém pensou que não haveria reação? Evidentemente que qualquer país, qualquer população, ainda que dividida por facções internas, mesmo fratricidas, não tolerará a invasão estrangeira.
A ONU, que fez corpo mole e jogo de cena em relação a decisão e invasão dos EUA, seu principal acionista, trata de envolver-se no pós-guerra e levar à imolação seus funcionários, a exemplo da morte do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello.
O historiador Voltaire Schlling registrou em ZH: “aos ser recebido publicamente, com toda a cordialidadade, por Paul Brenner, o proconsul americano do Iraque, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello assinou sua sentença de morte. Para a resistência iraquiana aquela imagem de quase confraternização entre os dois diplomatas indicou que a ONU estava presente em Bagdá para dar o aval à ocupação anglo-saxã.”
A suspeita relação e subordinação da ONU aos interesses norte-americanos legitima a ação e reação dos iraquianos. Não importa se seguidores de Saddan. Não importa sua facção. Do mesmo modo que é secundário examinar-se a forma dos incidentes. Se guerra aberta ou de terror. Guerra é guerra.
É uma tradição do direito internacional que cada país resolva seus problemas internos, suas contradições políticas, a permanência ou o fim de suas ditaduras, suas opções sócio-econômicas, etc...etc..., assim como o direito de reação está inscrito na história da humanidade.
Nestas horas, é bom lembrar dos poetas. George Bernard Shaw, Prêmio Nobel de Literatura (l925), disse: “toda esta luta e porfia para tornar o mundo melhor constitui um grande engano, não porque não seja uma boa coisa melhorar o mundo, se soubermos como fazê-lo, mas porque porfiar e lutar é a pior maneira que poderíamos escolher para fazer alguma coisa.”(1886).