30 janeiro 2006

Quem semeia ventos colhe tempestades

A humanidade tem inúmeros exemplos sobre “as boas intenções” dos exportadores de revoluções e utopias, dos globalizadores da democracia e da economia de mercado, da purificação das raças, etc..., entre outros devaneios que custaram, e continuam custando, a vida de milhões de pessoas.

Desde o ataque às torres gêmeas de Nova York, publicamos uma série de artigos sobre a natureza do imperialismo e as consequências gerais da pretensa superioridade ocidental, histórica e belicamente imposta. Os parágrafos seguintes foram extraídos de alguns destes artigos, de modo a configurar um novo e coerente texto..
Sabia-se, de antemão e pela natureza das partes, que as ações bélicas preconizadas pelos norte-americanos e seus aliados, a pretexto da vingança ao ataque do Word Trade Center-WTC, eram o prenúncio de uma nova e forte onda de redefinições dos papéis globais, dos territórios de dominação e da qualidade e natureza intervencionista.
O acirramento dos conflitos na Palestina interessam à política externa americana – e aos seus negócios, antecipando e preparando um cenário ideal para a intervenção armada, com certeza, e, como sempre, a pretexto da paz.
A tragédia diplomática consolidou-se com as fanfarronices de Bush, que, precipitadamente, batizou a empreitada de “guerra santa”, “cruzada”, “bem contra o mal” e, mais recentemente, “quem não está com nós, está com os terroristas”.
A humanidade tem inúmeros exemplos sobre “as boas intenções” dos exportadores de revoluções e utopias, dos globalizadores da democracia e da economia de mercado, da purificação das raças, etc..., entre outros devaneios que custaram, e continuam custando, a vida de milhões de pessoas.
Resulta, então, que o racismo, a xenofobia, a intolerância étnica, o nacionalismo, são as palavras da moda, são os sinais midiáticos da nova ordem mundial, ou melhor, da desordem mundial, legado mortal das decadentes e velhas superpotências.
Esta(s) guerra(s), que os americanos pretendiam rápida e cirúrgica (que ironia!), tinha, como de fato tem, todos os indicativos em sentido contrário. Seus efeitos repercutirão longa e danosamente. Não haverá mais paz.
Inspirada no obscurantismo das seitas religiosas, no ressentimento da nação ultrajada, na dor da perda do irmão, na brutalidade das infâncias roubadas, a longa mão da vingança alcançará todos os quadrantes terrenos. Em nome de Alá!
A historiadora norte-americana Bárbara Tuchman (falecida em 1989), premiada, consagrada e reconhecida mundialmente, escreveu, em sua obra “The March of Folly – from Troy to Vietnam”(1984), entre nós conhecida como “A Marcha da Insensatez – de Tróia ao Vietnã”, na edição brasileira José Olympio(1989), que “o paradoxo da condição humana é a sistemática procura – pelos governos – de políticas contrárias aos seus próprios interesses e a não consideração da existência de uma alternativa viável.”
São páginas que servem de alerta e inspiração para toda humanidade, e aos governantes, principalmente, numa época em que a marcha da insensatez parece acelerada no universo em que vivemos.