30 janeiro 2006

A Marcha da Insensatez – II

“(...)precisamos reverter aos métodos mais grosseiros de outras épocas – força, ataques preventivos, logro, o que for necessário (...) entre nós respeitamos a lei, mas quando operamos na selva também temos que usar as leis da selva”
Robert Cooper, diplomata inglês.

Sob uma perspectiva mais atual, haja vista a reeleição de Bush, retomamos o teor de nosso artigo de março de 2003. A Marcha da Insensatez é uma obra da historiadora norte-americana Bárbara Tuchman (falecida em 1989), premiada, consagrada e reconhecida mundialmente, que nos conduz por diversos eventos bélicos, desde a Guerra de Tróia à Guerra do Vietnã.
A tese da autora é nominada como “o paradoxo da condição humana”, qual seja, a sistemática procura – pelos governos – de políticas contrárias aos seus próprios interesses e a não consideração da existência de uma alternativa viável.
Embora todas as razões que os norte-americanos possam utilizar em defesa de suas ações, marcadamente influenciadas pelo fatídico 11 de setembro – ocaso do World Trade Center, fica evidente que há e haveriam outras alternativas de enfrentamento do poder iraquiano e sua superação e/ou deposição.
Ocorre que as razões norte-americanas situam-se noutro patamar: a expansão imperialista. Trata-se, simplesmente, da grande política, da estratégia de fundo, aquela que define papéis essenciais de dominação de uma nação sobre outras.
É sabido por todos que a crise energética é inadiável. Não bastasse esta razão, trata-se, também, de ratificar o papel israelense na região e sepultar qualquer pretensão de contestação ao modelo de dominação.
Relembrando: o imperialismo é indiferente às variações de forma ou força. Suas razões e objetivos ora podem ser econômicos, ora podem ser de natureza estratégica quanto a manutenção de poder, bem como podem ser para preservação de áreas de influência.
Quanto a natureza bélica e as conseqüências desumanas da intervenção no Iraque, oportuno destacar as palavras do diplomata inglês Robert Cooper, guru de Tony Blair, que afirmara o seguinte: “...precisamos reverter aos métodos mais grosseiros de outras épocas – força, ataques preventivos, logro, o que for necessário (...) entre nós respeitamos a lei, mas quando operamos na selva também temos que usar as leis da selva” (lembrado por Luiz Fernando Veríssimo, em Zero Hora, edição de 17 de julho de 2003. Na internet há muito mais sobre as idéias do inglês.).
É de pressupor-se, pois, que esta guerra( e a reeleição de Bush) não se limitará às suas expostas razões de combate ao terror, mas prenunciará uma nova e forte redefinição dos papéis globais, dos territórios de dominação e da qualidade e natureza intervencionista.
Oportuno, conseqüentemente, lembrar as palavras de Lênin: “a razão fundamental para a expansão imperialista está na natureza do sistema capitalista”.