30 janeiro 2006

Lições da América – II

“...precisamos reverter aos métodos mais grosseiros de outras épocas – força, ataques preventivos, logro, o que for necessário...entre nós respeitamos a lei, mas quando operamos na selva também temos que usar as leis da selva”.

Examinei nesta coluna, mais precisamente em setembro de 2001, logo após, o ataque ao WTC, uma hipótese de cogitação: de que “muitas pessoas têm uma expectativa otimista relativamente às consequências políticas que advirão após a trágica terça-feira nova-iorquina. Reportam-se, objetivamente, a influência de uma parcela da opinião pública americana capaz de compreender os exageros intervencionistas de seu país, deflagradores sistemáticos da antipatia ao império norte-americano, e agir, em contenção, a exemplo do episódio da retirada de tropas do Vietnã.”
Em oposição a este sentimento e esperança, disse, então, que “o nível e a intensidade da ação e participação americana nos negócios mundiais, com repercussões econômicas e sócio-culturais, não permite imaginar-se a viabilidade desta esperança.”
Repetindo meu artigo, textualmente: “os EUA constituem-se...no grande império econômico-bélico, sem precedentes na história do mundo, e não haverá de sensibilizar-se com crises de identidades de outros povos, notadamente àqueles subordinados e dependentes. Isto significa que dispõe-se a pagar o preço e o custo da hegemonia, inclusive com vidas humanas, próprias ou de outras nações.”
Enfatizei que “tudo indica que ocorrerão graves retaliações...suficientes para que nenhum país tenha dúvidas sobre quem manda “nesta galáxia”... e...“assegurar o triunfo do bem sobre o mal”, sentenciando, inequivocamente, suas indelegáveis tarefas divinas sobre nossos destinos.”
Confirmando a linha do meu pensamento, Luiz Fernando Veríssimo divulga e comenta, na edição de Zero Hora, 17 de julho de 2003, o artigo do diplomata inglês Robert Cooper, guru da política externa inglesa, que afirma, entre outras expressões, o seguinte: “...precisamos reverter aos métodos mais grosseiros de outras épocas – força, ataques preventivos, logro, o que for necessário...entre nós respeitamos a lei, mas quando operamos na selva também temos que usar as leis da selva”.
Diz Veríssimo: “Blair e Bush recorreram à fraude para justificar o ataque ao Iraque...estão tendo que explicar agora porque nem todo mundo se acostumou ainda, como quer Cooper, com a idéia de que há uma lei e uma ética para os membros do clube e outras para os outros.”
De minha parte, mesmo considerada a reação pública(tímida e modestíssima) às explicações de Blair e Bush, renovo minha convicção e não esperança na conversão das feras. Ou, repetindo o refrão do mencionado artigo de setembro de 2001: “como pedir para o leão deixar de ser leão e respeitar os interesses dos antílopes? “