30 janeiro 2006

A nova (des)ordem mundial
(ou a nova ordem norte-americana)

Mas há problemas: a vocação de tutor do universo, ou xerife da paz universal, estabelece uma contradição com o processo de globalização!

O pós-guerra fria legou/determinou à humanidade a convivência com uma superpotência remanescente, qual seja, os Estados Unidos, desde já auto-intitulada a “polícia do mundo e guardiã/responsável pela ampliação do regime democrático e modernização dos países do 3º Mundo” (interprete-se como quiser, mas preferencialmente tudo que for pró América do Norte!)
Esta hegemonia está assentada sobre tres pré-requisitos/princípios, quais sejam: mercados livres, que devem se unificar gradativamente e sob regência legal de organismos internacionais; eleições livres, que elegem a democracia como modelo universal; e direitos humanos, que confirmam o direito natural moderno e consagram os princípios iluministas e indicam a hipótese d’o cidadão universal.
Como a ONU - Organização das Nações Unidas têm-se mostrado incapaz e incompetente para gerenciar os conflitos e compreender certos desígnios atuais e universais(leia-se, novamente, interesses norte-americanos), e, igualmente, a União Européia é uma incógnita, haja vista suas diferenças internas e seculares, resta aos EUA a tal gerência universal.
Mas há problemas: a vocação de tutor do universo, ou xerife da paz universal, estabelece uma contradição com o processo de globalização! Como conciliar um discurso pretensamente pacifista e universalista, utopicamente distribuidor de progresso e renda, com as diárias práticas intervencionistas de natureza econômica e militar, com visíveis interesses no controle dos recursos naturais e tutela política de países periféricos, a exemplo do Oriente Médio?
Esta é uma equação sem solução. Não é à toa que o terrorrismo cresce, aliás, na proporção das intervenções ou dominações incompatíveis com a atualidade/discurso.