30 março 2006

A bomba-relógio
(um país chamado violência)

“Qual a distância segura de uma bomba? Pelos condomínios fechados, as cercas aramadas e elétricas, a quantidade de guardas e seguranças particulares, suponho que a distância já não mais exista!”

A violência generalizada está enterrando, definitivamente, o mito do brasileiro cordial. Somos os campeões mundiais em número de homicídios. Uma síntese trágica da combinação de desigualdades econômicas e sociais. Os fatos: desintegração familiar, desigualdade de renda e trabalho, desemprego, urbanização desordenada, narcotráfico, crimes em geral. Conseqüências objetivas: crimes. Regra geral: a impunidade.
As estatísticas informam que 45 mil pessoas perdem a vida a cada ano. Metade dos assassinatos é cometida por cidadãos sem antecedentes (ficha limpa). 70% dos assassinatos são cometidos por motivos fúteis. Embora tenhamos apenas 3% da população mundial, realizamos 13% dos homicídios.
A bomba-relógio em questão refere-se à uma geração que nasceu e cresceu sob o signo da violência. Em não encontrando soluções para seus problemas, inventa soluções radicais e anti-sociais. Sem alternativas e sem medo, esboçam um futuro sombrio.
Como toda bomba, relógio ou não, tem um tempo, tem um dispositivo que permite seu desligamento. Infelizmente, desconfio que esta tem os dispositivos emperrados. Aliás, qual a distância segura de uma bomba? Pelos condomínios fechados, as cercas aramadas e elétricas, a quantidade de guardas e seguranças particulares, suponho que a distância já não mais exista!


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