30 março 2006

A Lesma Lerda

Acaba predominante a filosofia de um “nada a ver!”, um “vamos ver no que dá!”, um “não tenho nada a ver com isto!”, ou, então, “é tudo igual mesmo!”.


Não há um dia sequer que não nos surpreendamos com a futilização das relações e das coisas. Nada mais há, nem gente, nem costumes, nem coisas, que resistam à vulgarização, à mesmice, ao “nada a ver”.
Em verdade, o que estamos vivenciando, a reboque da globalização das economias, dos costumes e dos meios de comunicações, é a absoluta padronização – por baixo - dos meios e fins; simplificando, é a monetarização de nossas perspectivas e existências.
Tudo quanto façamos ou desejamos somente adquire uma dimensão realizadora na proporção de sua publicidade e monetarização. Não é a toa que jornais, revistas e canais de TV estão recheados de exposições pessoais, sem um a propósito, sem um nexo causal com a ordem das coisas que real e socialmente interessam.
Neste patamar estabelecem e frustram-se as principais relações, muitas de absoluto interesse público, notadamente aquelas de natureza político-econômica, que ensejam perspectivas de transformação de nossa realidade social. A esperança foi pro brejo!
Esta vulgarização comportamental prejudica, decisivamente, a qualidade do comprometimento e engajamento da comunidade com um conjunto de iniciativas públicas e privadas que ambicionam a transformação da sociedade. Acaba predominante a filosofia de um “nada a ver!”, um “vamos ver no que dá!”, um “não tenho nada a ver com isto!”, ou, então, “é tudo igual mesmo!”.
Neste cenário, surgem e esvaem-se as oportunidades, ressurgem e esvaem-se de novo. Não se fixam marcos, nem pilares. Imaginam, os diletantes-delirantes, que possam vir a ser coisa ou gente, nação ou país, neste caminhar, neste pensar, neste agir.



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