30 março 2006

A Casa das Sete Mulheres

“...resta, enfim, aquela sensação infanto-juvenil de superação freudiana/psicanalítica da aprovação paterna. Dorme em paz o Rio Grande, 168 anos depois!”

A gauchada ainda está eufórica e ensimesmada com o estrondoso sucesso da mini-série global que retratou uma etapa da história do Rio Grande – a Guerra dos Farrapos, emoldurada por lindas paisagens.
A eterna crise existencial dos sulistas “rejeitados” pelo centro do país, vítimas das incompreensões históricas, do isolacionismo voluntário ou não, da indigesta fama de berço de ditadores, da dupla gre-nal roubada nas decisões futebolísticas no eixo Rio-São Paulo, etecetera e tal, parece, agora, finalmente, amainada pelo (re)conhecimento nacional.
Descontados os excessos e arroubos, de toda ordem, a tietagem oficial, principalmente, papagaios de pirata com dinheiro público, resta, enfim, aquela sensação infanto-juvenil de superação freudiana/psicanalítica da aprovação paterna. Dorme em paz o Rio Grande, 168 anos depois!
Por justiça histórica, notadamente em relação aos irmãos do norte do país, conveniente e esclarecedor lembrar que à mesma época – período regencial – o Brasil encontrava-se nacionalmente conflagrado. Além da Guerra dos Farrapos(1835-1845), também tivemos motins em Pernambuco(1831-1835), a Cabanagem no Pará(1835-1840), a Revolta dos Malês(1835) e a Sabinada(1837-1838) - ambas na Bahia, e a Balaiada no Maranhão(1838-1841).
Por conta do abandono do governo central, plantadores de cana-de-açúcar(BA/PE) e algodão(MA), e os criadores de gado/produtores de carne(RS), principalmente, uniram-se a setores urbanos e de classe média – comerciantes, funcionários públicos, advogados, militares, padres, para protestar contra os elevados e crescentes impostos e a nomeação de governantes impopulares e alheios à comunidade local. Na seqüência, o crescimento e fortalecimento destas contestações evoluiu para movimentos e teses separatistas.
Entretanto, a evolução dos movimentos determinou um recuo das elites econômicas locais, temerosas em perder seus privilégios e, principalmente, seus escravos, eis que a extinção do regime de escravidão era uma das bandeiras dos insurretos.
Enfim, fracassaram todos os movimentos, restando vitimados os de sempre: negros, índios, mestiços e brancos pobres.

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