30 março 2006


A invasão das bundas

Com a audiência absoluta da Casa dos Artistas e do BigBrotherBrasil, mais os vários programas de auditório, a televisão brasileira, a tida tv comercial – via antena, transformou-se num imenso e interminável desfile de bundas.
São bundas de todas as origens e raças, pequenas e grandes, arrebitadas ou não, siliconadas quase sempre, sucedendo-se nos palcos, rebolando suas razões e seus planos de carreira.
Essas bundas têm em comum, salvo raras exceções, uma extraordinária limitação dos cérebros correspondentes, se é que podemos assim nominar aquelas cabeças sobrepostas àqueles corpos.
Mas essas bundas têm planos e objetivos comerciais, e como têm audiência, elas existem e repercutem no mundo sócio-econômico, inclusive criando estilos e “fazendo” moda.
Embora eu entenda que esta absoluta mediocrização da televisão, pensada e articulada pelos seus proprietários e programadores, sob os auspícios financeiros dos patrocinadores, condena o povo a um repetitivo e idiotizante programa de final de dia, sobretudo aos domingos, impõe-se ressalvar a contribuição das bundas ao exercício filosófico-existencial.
As razões e contra-razões da mencionada e expressiva audiência, tanto do ponto de vista dos donos dos canais de televisão, dos patrocinadores, dos cidadãos, e, por que não dizer, do “modo de vista” das donas das bundas, são várias e (in)filosofáveis.
Qualquer ângulo de exame – não estou falando do ângulo da visão da bunda!, repito, qualquer ângulo de exame deste tema pode revelar um estilo irreverente do brasileiro, ou um quadro de insuperável pobreza cultural, ou identifica uma irresponsabilidade governamental relativamente ao serviço concedido, e, quase sempre, um “não tô nem aí!” das empresas de televisão; leia-se, principalmente, Silvio Santos e Globo. Ou todas estas hipóteses juntas.

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