30 março 2006

Colonialismo de Mercado

“Ainda há quem pense que globalização e liberalização sejam sinônimos, quando a verdade é que a primeira só se serve da segunda seletivamente, excluindo-a sempre que convenha a seus interesses, como se acaba de ver com o fast track nos Estados Unidos”.
Rubens Ricupero
Folha de São Paulo - 23.12.01

Os anos recentes confirmaram e definiram a sofisticação das novas formas de dominação política e econômica dos chamados “países grandes”, resolvendo, a um só tempo, a manutenção de sua intervenção financeira nos países periféricos, hoje denominados “emergentes”, e a ampliação dos mercados de consumo, capazes de absorver seus excedentes de produção e o fechamento financeiro dos déficits internos, proporcionando a “exportação” de sua própria inflação.
Este momento político mundial, originariamente nominado através do famoso “Consenso de Washington”, precipitou a total abertura econômica dos países, patrocinando a privatização em massa, o fim de barreiras alfandegárias, redução de impostos, o livre trânsito dos capitais financeiros, etc...
O conjunto de medidas foi particularmente danoso para os países periféricos, tradicionalmente endividados, deficitários, agora escancarados à competição mundial, provocando a gritante desnacionalização da economia, quebradeira generalizada de empresas, flexibilização e precarização das relações trabalhistas.
Evidentemente, que várias medidas são salutares para a economia, tais como as privatizações, abertura econômica, a globalização (com restrições), mas ancoradas em proteção gradativa, capaz de proteger as empresas nacionais, garantir empregos, e, principalmente, mercado para produtos locais.
Mas, mantido o modelo atual, continuamos “escravizados”, agora sob uma forma “mais moderna, mais civilizada” de dominação e exploração: um colonialismo de mercado!