30 março 2006

E o saque continua!

“...não enxergam que o reverso da globalização é o fortalecimento do local, do regional, cuja matriz de financiamento e auto-sustentabilidade deve ser assegurada e preservada como mecanismo de resistência ao processo de exclusão e empobrecimento social.”

Nosso país tem uma tradição de não mudança, ou na melhor das hipóteses, de mudanças lentas, imperceptíveis, se é que podemos qualificar algumas mudanças de mudanças. Em dezembro de 1997, eu havia escrito um artigo intitulado “a quebra do pacto federativo”. Agora, a recém aprovada reforma tributária reduz a participação de municípios e estados na arrecadação tributária nacional.
No mencionado artigo, dizia, à época, tratar-se de “usurpação em curso, reveladora de engrenagens arrecadadoras tipo CPMF, IR, IPI, FEF e LEI KANDIR, “robin hoods” às avessas, pauperizadoras de estados e municípios, de sul a norte, como choram, unânimes, prefeitos e governadores em côro réquiem”.
“Limitassem-se à política paroquial dano maior não haveria, acostumada que está a pátria aos prejuízos habituais, prato diário da corte oficial e seus comensais, piratas de ocasião. Todavia, a tragédia exposta é grave, porque retrocede, usurpa conquistas antigas, muita caras à tenra democracia brasileira.”
“O que avançara o texto constitucional, ao pregar a descentralização tributária, que permitira a estados e municípios o financiamento de suas obrigações básicas, retira agora..., violentando conquistas caras, repito, à nossa breve democracia.”
“Há, surpreendentemente, uma relação incestuosa, uma relação cínica e hipócrita ...no Congresso “matam” seus municípios e estados, e vêm, correndo, às bases municipais, “chorar” no velório da falta de recursos.”
“...não enxergam que o reverso da globalização é o fortalecimento do local, do regional, cuja matriz de financiamento e auto-sustentabilidade deve ser assegurada e preservada como mecanismo de resistência ao processo de exclusão e empobrecimento social.”
A dita necessidade de “fazer caixa”, custe o que custar, para atender os credores internacionais e as ordens do FMI, a pretexto de uma “paz de mercado”, está inviabilizando a manutenção e criação de empregos, está impedindo o futuro das novas gerações, está comprometendo a paz das famílias, afogadas em contas atrasadas e desemprego.